ola caros amigos,
neste processo muitas duvidas e incertezas rondam nossas mentes.
nao e facil nadar contra a corrente e ser constantemente acusada de estragar a felicidade alheia.
neste post quero dividir com vc um e-mail que escrevi a um grupo de amigos que resume bem minha situacao atual:
sou constantemene taxada de louca, irresponsavel, egoista, manipuladora, cigana, instavel, perdida no mundo, pessima mae, ingrata, nunca satisfeita com o que tem, e por ai
vai.
infelizmente, os "elogios" vem da minha familia, da familia do meu marido, e inclusive do meu proprio marido.
muitas vezes me pego pensando no porque "complicar" minha vida, e 2
pensamentos basicos me inspiram:
1. se eu tivesse somente 1 dia/semana/mes/ano pra viver, o que eu
queria fazer? e na verdade a gente nunca sabe se teremos mais que este
tempo mesmo pra viver. entao e viver cada dia e nao ter medo de ser
feliz.
2. um dia posso me ver com 50-60 anos, nao ter ido pro canada,
continuado na minha comoda vida aqui, e nao queria ter como
companheira a duvida do que poderia ter sido e nao foi.
minha situacao e um pouco complexa. o sonho de ir pro canada e meu unicamente. se
dependesse do meu marido nos continuariamos aqui, no pais dele, no
pais da sua religiao, perto da familia dele e o mais importante pra
ele, no seu tao adorado emprego. ele tem muito medo desse passo, sente
muita responsabilidade, e ate panico eu diria, de nao conseguir dar as
nossas filhas uma boa qualidade de vida.
ele entende que a realidade que nos vivemos como casal, como familia,
nao e a melhor. nao somente falamos linguas diferentes, culturas
diferentes como tb temos credos e tradicoes diferentes. o que nos
mantem unidos e o amor, o respeito, a tolerancia e nos ultimos 5 anos
posso agregar que nossas filhas sao mais um estimulo para nutrir nosso
amor.
nao e facil viver num pais onde se e descriminado. onde nao ha
separacao entre estado e religiao.
(ja fui demitida uma vez de um emprego umas 3 horas depois de haver
sido admitida porque do decorrer do trabalho descobriram que eu nao
era judia. era uma firma de advogados onde eu trabalhava, ou pelo
menos deveria trabalhar como secretaria, quando ainda era
universitaria).
de acordo com o judaismo para ser judeu tem que nascer de mae judia ou
se converter. minhas filhas entao nao sao judias, sao somente
israelenses (cidadas do pais como eu), e provavelmente sofrerao de
preconteito quando crescerem. ja agora a mais velha, 5 anos, volta pra
casa e pergunta porque papai noel nao passou na casa da amiguinha,
pois ela se comportou muito bem o ano todo. nao entende porque so na
nossa casa tem arvore de natal, coelhinho da pascoa, etc. sem falar na
questao do servico militar obrigatorio para todos, homens 3 anos e
mulheres 2 anos. homens e mulheres uma virgula, criancas: nao posso
nem quero imaginar minhas filhas segurando uma M-16 aos 18 anos ...
sei que a realidade do pais exige o servico militar obrigatorio, mas
realmente nao e pra mim, nao e assim que quero criar minhas princesas..
esta "inimizade" mutua que nutre estes dois povos e algo complexo que
nao quero julgar e tb nao quero fazer parte dele. ouvir minha mais
velha falando que "os arabes nao gostam da gente, querem tudo que e
nosso e impurrar-nos para o mar" nao e facil de digerir. especialmente
porque nao e a visao de mundo do meu marido e minha. ela ouviu isso
fora de casa. ouvi-la dizer que "o mundo nao gosta da gente porque
somos judeus" e incabivel pra mim. primeiro ela nao e judia, segundo
que uma crianca pense que ninguem gosta dela e uma coisa ja muito
triste e ainda mais se tratando do fato da crianca ser/pertencer a uma
nacionalidade e ou religiao. meu marido e eu respeitamos nossas
"raizes" e queremos cria-las num ambiente neutro. quando crescerem
elas poderao escolher seus proprios caminhos.
o brasil com certeza resolveria as questoes expostas acima, mas devido
a violencia que cresce a cada dia mais la, e o fato de meu marido nao
querer muito ir morar la, todos estes fatores juntos nos levam ao
canada.
mesmo nao querendo ir, meu marido entende que e o melhor a fazer. ele
finalmente (apos de quase 11 anos que eu quero ir embora daqui)
entendeu que para o bem da familia e melhor juntar as trouxas e irmo-
nos.
a familia dele, claro, e totalmente contra, especialmente minha amada
sogrinha. ate o irmao que mora no canada fica falando que vamos morrer
de frio e que o povo nao e tao caloroso e amistoso. minha familia,
claro, quer que eu va para o brasil.
mas deus tem medado forca para ver o que eu quero e nao desistir ser forte.
desculpem pelo desabafo, talvez eu esteja expondo tudo isso porque tento me
convencer de que estou fazendo a escolha certa, pois nem sempre e
facil evitar os sentimentos de culpa, afinal eu vim de turista eacabei ficando e agora quero arrancar meu marido de seu "habitat".
bom, e isso. ainda aguardando o chamado para a entrevista (os documentos ja foram aceitos).
em breve escreverei um post sobre minha Louise e colocarei fotos para que vcs possam ver como ela esta cada dia mais gostosa.
beijos a todos!!
neste processo muitas duvidas e incertezas rondam nossas mentes.
nao e facil nadar contra a corrente e ser constantemente acusada de estragar a felicidade alheia.
neste post quero dividir com vc um e-mail que escrevi a um grupo de amigos que resume bem minha situacao atual:
sou constantemene taxada de louca, irresponsavel, egoista, manipuladora, cigana, instavel, perdida no mundo, pessima mae, ingrata, nunca satisfeita com o que tem, e por ai
vai.
infelizmente, os "elogios" vem da minha familia, da familia do meu marido, e inclusive do meu proprio marido.
muitas vezes me pego pensando no porque "complicar" minha vida, e 2
pensamentos basicos me inspiram:
1. se eu tivesse somente 1 dia/semana/mes/ano pra viver, o que eu
queria fazer? e na verdade a gente nunca sabe se teremos mais que este
tempo mesmo pra viver. entao e viver cada dia e nao ter medo de ser
feliz.
2. um dia posso me ver com 50-60 anos, nao ter ido pro canada,
continuado na minha comoda vida aqui, e nao queria ter como
companheira a duvida do que poderia ter sido e nao foi.
minha situacao e um pouco complexa. o sonho de ir pro canada e meu unicamente. se
dependesse do meu marido nos continuariamos aqui, no pais dele, no
pais da sua religiao, perto da familia dele e o mais importante pra
ele, no seu tao adorado emprego. ele tem muito medo desse passo, sente
muita responsabilidade, e ate panico eu diria, de nao conseguir dar as
nossas filhas uma boa qualidade de vida.
ele entende que a realidade que nos vivemos como casal, como familia,
nao e a melhor. nao somente falamos linguas diferentes, culturas
diferentes como tb temos credos e tradicoes diferentes. o que nos
mantem unidos e o amor, o respeito, a tolerancia e nos ultimos 5 anos
posso agregar que nossas filhas sao mais um estimulo para nutrir nosso
amor.
nao e facil viver num pais onde se e descriminado. onde nao ha
separacao entre estado e religiao.
(ja fui demitida uma vez de um emprego umas 3 horas depois de haver
sido admitida porque do decorrer do trabalho descobriram que eu nao
era judia. era uma firma de advogados onde eu trabalhava, ou pelo
menos deveria trabalhar como secretaria, quando ainda era
universitaria).
de acordo com o judaismo para ser judeu tem que nascer de mae judia ou
se converter. minhas filhas entao nao sao judias, sao somente
israelenses (cidadas do pais como eu), e provavelmente sofrerao de
preconteito quando crescerem. ja agora a mais velha, 5 anos, volta pra
casa e pergunta porque papai noel nao passou na casa da amiguinha,
pois ela se comportou muito bem o ano todo. nao entende porque so na
nossa casa tem arvore de natal, coelhinho da pascoa, etc. sem falar na
questao do servico militar obrigatorio para todos, homens 3 anos e
mulheres 2 anos. homens e mulheres uma virgula, criancas: nao posso
nem quero imaginar minhas filhas segurando uma M-16 aos 18 anos ...
sei que a realidade do pais exige o servico militar obrigatorio, mas
realmente nao e pra mim, nao e assim que quero criar minhas princesas..
esta "inimizade" mutua que nutre estes dois povos e algo complexo que
nao quero julgar e tb nao quero fazer parte dele. ouvir minha mais
velha falando que "os arabes nao gostam da gente, querem tudo que e
nosso e impurrar-nos para o mar" nao e facil de digerir. especialmente
porque nao e a visao de mundo do meu marido e minha. ela ouviu isso
fora de casa. ouvi-la dizer que "o mundo nao gosta da gente porque
somos judeus" e incabivel pra mim. primeiro ela nao e judia, segundo
que uma crianca pense que ninguem gosta dela e uma coisa ja muito
triste e ainda mais se tratando do fato da crianca ser/pertencer a uma
nacionalidade e ou religiao. meu marido e eu respeitamos nossas
"raizes" e queremos cria-las num ambiente neutro. quando crescerem
elas poderao escolher seus proprios caminhos.
o brasil com certeza resolveria as questoes expostas acima, mas devido
a violencia que cresce a cada dia mais la, e o fato de meu marido nao
querer muito ir morar la, todos estes fatores juntos nos levam ao
canada.
mesmo nao querendo ir, meu marido entende que e o melhor a fazer. ele
finalmente (apos de quase 11 anos que eu quero ir embora daqui)
entendeu que para o bem da familia e melhor juntar as trouxas e irmo-
nos.
a familia dele, claro, e totalmente contra, especialmente minha amada
sogrinha. ate o irmao que mora no canada fica falando que vamos morrer
de frio e que o povo nao e tao caloroso e amistoso. minha familia,
claro, quer que eu va para o brasil.
mas deus tem medado forca para ver o que eu quero e nao desistir ser forte.
desculpem pelo desabafo, talvez eu esteja expondo tudo isso porque tento me
convencer de que estou fazendo a escolha certa, pois nem sempre e
facil evitar os sentimentos de culpa, afinal eu vim de turista eacabei ficando e agora quero arrancar meu marido de seu "habitat".
bom, e isso. ainda aguardando o chamado para a entrevista (os documentos ja foram aceitos).
em breve escreverei um post sobre minha Louise e colocarei fotos para que vcs possam ver como ela esta cada dia mais gostosa.
beijos a todos!!
4 comments:
Paola,
Parabéns pelo blog e esse turbilhão de sentimentos é normal para os "loucos" que decidiram começar uma nova vida aqui em terras do norte.
Fique tranquila que a camisa de força é bem confortável e ninguém que eu conheço quer sair do hospício.
Abraço e força !!!
Paola acredito que você e seu marido querem o que há de melhor para sua família, e tenho certeza que vão conseguir. Força para vocês não desistirem dos seus sonhos! Na minha família aconteceu que minha mãe foi corajosa e persistente em querer mudar quando éramos crianças, meu pai não queria, e hoje todos, inclusive ele sabe o quanto foi bom, o quanto somos gratos pela mudança.
Não é nada fácil sair da área de conforto, mas acredito que a longo prazo vai valer a pena, por enquanto ainda estamos investindo no futuro. Paz no seu coração!
Silvia
A mudança é enorme, mas uma mudança pro melhor. Vocês estão fazendo a coisa certa, principalmente para suas filhas. Muita paz pra vocês.
E a vida segue...
Força p/ vc, Paola, q/ quer e tem coragem de mudar!
Queria eu ter essa coragem!
Tudo de bom!
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