Tuesday 2 September 2014

Retrospectiva de 3 anos de Canada - Vida Profissional

    O cliché de que ao imigrar a pessoa desce muitos degraus na vida profissional não é valido para todos. Testemunhei muitos casos de sucesso onde o imigrante, ao chegar no Canadá, teve sua vida profissional melhorando tanto de supetão quanto gradativamente em um curto período. Há também os que descem muitos degraus nunca voltando ao nível que tinham no país de origem, e os que descem muitos degraus – muitos mesmo – e por um motivo ou outro, ficam neste status-quo insatisfatório e frustrante.

    Não saberia classificar a minha situação, e creio que rotulá-la agora seria um tanto precoce já que são somente 3 anos no Canadá. Não sou marinheiro de primeira viagem, após mais de 19 anos morando/estudando/trabalhando e levando a vida fora do Brasil, sei que um lento começo não significa muito além de lento. Como sempre me disse meu pai: “devagar e sempre”.


    Alguns pontos que considero ao analisar meu processo de imigração e adaptação:

    • Horários: Antes de morar no Canadá meu horário de trabalho era um tanto flexível e a visão do meu chefe era de competência e resultado e não" bater ponto". Eu saía do trabalho às 15:00 e depois de buscar as 3 em 3 escolinhas diferentes estava em casa às 16:00. Tinha bastante tempo para brincar com elas, empurrá-las nos balanços, cozinhar e conversar com as vizinhas. Elas nunca precisavam ficar com uma babysitter ou algo do gênero.
    A vida profissional no Canadá trouxe a lição do desapego - Eita liçãozinha dolorosa! – Pois meus horários de trabalho desde que cheguei aqui não são compatíveis com os horários de escola delas. Então, por necessidade, elas frequentam um programa para complementar o horário da escola, o famoso “before & after school”. Muito a contra-gosto, ze ma iesh, ou seja, não ha remédio.
    • Remuneração: A imigração trouxe – até este momento - uma queda significante no meu salário. Além de trabalhar mais horas, ganho menos. Quando trabalhava na Siemens então … se fosse lever em conta a quantidade de horas que eu trabalhava na íntegra, em comparação ao que eu oficialmente precisava trabalhar, estava vendendo meu know-how a preço de banana.
    • Satisfação: Antes de vir para o Canadá eu tinha um trabalho que realmente me dava muito prazer e satisfação. Além de me dar muito bem com meu chefe (eu era a única na empresa que gostava dele), gostava muito do que fazia e estava sempre aprendendo coisas novas, crescendo. Meu trabalho era altamente valorizado e tinha uma ótima reputação profissional na empresa, muito respeitada pelos meus colegas de trabalho.
    Na Siemens, a sensação era de ser apenas mais um número na folha de pagamento.
    No meu atual emprego, embora me sinta muito respeitada profissionalmente, sinto falta de estar constantemente aprendendo coisas novas. A sensação é de que mais contribuo para a empresa com meus conhecimentos e experiência do que aprendo. A parte boa é que eles estão MUITO satisfeitos comigo e me resta ser criativa e encontrar meus próprios desafios e oportunidades de crescimento na empresa J
    • Tempo na Estrada: em Israel eu trabalhava realtivamente longe de casa, mas como morava no meio do nada e trabalhava no meio de outro nada, nunca passava sufoco com engarrafamento de trânsito e desespero de não chegar a tempo no trabalho ou na escola para buscar as meninas no fim do dia. Na Siemens eu passava 65 minutos atrás do volante para ir e mais 65 minutos para voltar – sem neve – para dirigir míseros 30 km – horário do rush … rsrsrsrsss … era um estresse total e juro que às vezes eu pensava que se eu fosse outro motorista e visse alguem dirigindo da maneira que eu estava dirigindo pensaria que a pessoa estava drograda ou com alguem à beira da morte dentro do carro ao caminho de um hospital. Os minutos eram contadinhos, e o saldo semrpe dava negativo: a corda roía em algum lado quase todo dia. No meu atual emprego estou numa situação privilegiada – Gracas à Deus!! – 20 min de casa. Sem estresse, sem correria, às vezes até vou ao supermercado no meu horário de almoço para agilizar as coisas no fim do dia.  
    • Horas extras: Em Israel raramente fazia hora extra ou levava coisas para fazer em casa. Na Siemens eu trabalhava em casa com muito mais frequência do que gostaria. Colocava as meninas na cama e em lugar de ir arrumar cozinha, eu sentava na frente do notebook e varava a noite. No meu atual emprego, não somente nao preciso fazer horas extras como também de vez em quando meu chefe resolve mandar a gente para casa mais cedo. Motivos não lhe faltam:
    1)      “ultimo fim de semana prolongado do verão, vamos embora 1 hr mais cedo”
    2)      Vai chover muito forte esta noite, logo assim que a FedEx terminar de carregar o caminhão vamos embora para ter certeza de que todo muito vai chegar são e salvo em casa
    … E por aí vai. Realmente, não tenho do que me queixar.
    • Equilíbrio vida profissional x vida familiar: em Israel o equilíbrio era ótimo. Na Siemens era péssimo e agora neste emprego há um certo equilíbrio. O fato de não estar na Estrada por mais de 2 hrs/dia é um grande fator de uma melhor qualidade de vida e podermos usufruir de mais tempo juntas, meninas e eu.
    • Micro-empresária: a boa nova é que aqui no Canadá estou podendo realizar um antigo sonho que é ter meu próprio negócio. Juntamente com o Chris (namorido) abri uma empresa na área de construção civil e nos especializamos em telhado – “roofing”. Escreverei sobre isso em um post separado, por enquanto fica aqui o site da empresa e nossa página no Facebook para os interessados e para os curiosos … rsrsrsrs


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    Tem sido uma longa trajetória, e faria tudo de novo. Limparia banheiros se fosse preciso, e abdicaria por complete da minhas ambições profissionais caso fosse necessário. Meu objetivo ao vir para o Canadá foi buscar melhor qualidade de vida para minhas filhas, foi buscar paz acima de tudo. Não vim para cá pensando que aqui ganharia mais ou menos, que aqui teria mais ou menos oportunidades profissionais. Realmente, se estivesse visando somente status sócio-econômico teria ficado em Israel.
    O video abaixo descreve perfeitamente porque a minha vida no Canadá é, sem comparações, mil vezes melhor que a que tinha em Israel.



Para relaxar algumas piadas ... rsrsrs







Bonne Chance! Paola

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